Capítulo 29 - Lar, doce lar. (pt.1)

0
1K

"No começo eu apenas tinha que coletá-los, desmontá-los e transformá-los em algo novo para um recomeço, hoje em dia meu trabalho é outro... Meu serviço é garantir que aqueles desgraçados permaneçam mortos."

O clima de obscuro pairava no ar, aqueles poucos segundo pareciam uma eternidade... Hannow com sua mão estendida oferecia àquela criatura bizarra e imponente a gema negra que havia recolhido do corpo de um semi-morto, essa por sua vez segurava em sua mão outras cinco que vazaram do corpo do ocultista, porém o silêncio foi quebrado quando o monstro finalmente falou.

- Eu vou te levar, Hannow...- A voz era absurdamente sombria e impossível de traduzir em palavras a sensação que ela gerava ao ser ouvida, era como o canto da morte, talvez aquela frase por si só já fosse o suficiente para matar uma pessoa comum, porém Hannow permaneceu estático e respondeu.

- Não se pode morrer fora de casa, é a lei e você sabe disso... guarde suas ameaças para a próxima vez, dona Morte.

Enquanto o braço negro estendido recolhia a última gema uma risada macabra e ao mesmo tempo debochada saía por debaixo do capuz da entidade, apesar de ser claramente uma risada ela não inspirava nenhum bom humor e sim muito mal-estar. Hannow que agora procurava por algo nos bolsos continuou a falar.

- Mas não me leve a mal, vou precisar de um favor seu, minha linda...

O que antes era sombrio agora se tornou uma tempestade de ódio e desaprovação, a mortalha agora parecia conter vida e se espalhar por todo o corredor enegrecido, o monstro se inclina em direção à Hannow quase tocando seu rosto e urra:

- Favor??? Favor??? Você esquece com o que está falando? Você deveria agradecer por eu não te colocar em coma nesse exato momento e te deixar para morrer no plano físico!.- Porém, antes que ela continuasse Hannow acendendo um cigarro a corta.

-Como eu fiz com esses 6?

Uma pausa desagradável toma o diálogo, Hannow fuma seu cigarro enquanto a entidade antes irada agora parece presa por grilhões invisíveis, sem ação ou atitude, poderia se dizer que ela ficou sem palavras, e ele continua:

- Você não pode vir aqui coletar esses caras, eu sei, já estudei muito o que você pode e não pode fazer, e sabia bem que se eu mesmo os matasse você ganharia uma permissão especial para a coleta... Você deveria estar me agradecendo, afinal sabemos que boa parte desse lugar existe por incompetência sua, não é?

A entidade permanece estática, em silêncio.

- Então não me venha com essas ameaças vazias, eu sei que você e mais uma galera estão loucos pra me dar uma passagem para Belize mas não hoje e não por você. O que eu fiz aqui considere um ato de boa fé, ou o pagamento de um favor.. então decida, você prefere dever algo a mim ou me fazer um favor?

Um longo silêncio se fez, e por fim a entidade solta:

-O que você quer?

Depois de uma baforada de fumaça Hannow responde:

-Carona pra casa.

Search
Categories
Read More
LIVRO ZERO
Capítulo 21 – Dor é psicológico
“Ele me matou, eu não sinto nada... eu cheguei finalmente onde me foi prometido, me...
By LIVRO ZERO 2024-06-03 14:02:46 0 1K
LIVRO ZERO
Capítulo 5 - O Jardim do silêncio
Que frio, nossa, como está frio aqui, meu corpo todo treme, maldito barulho de chuva, por...
By LIVRO ZERO 2024-06-03 08:00:15 0 694
Religion
(PODCAST) Vagabundo inventando moda
Que tal ir numa gira de demônios da goétia? Ou fazer uma conjuração...
By Gigim Hannow 2024-01-28 04:06:32 0 14K
LIVRO ZERO
Capítulo 18 - O esporro que precede a morte
- Carpete, -  ele pensava - eu adoro carpete é tão quente lembra casa de gente...
By LIVRO ZERO 2024-06-03 10:04:32 0 986
LIVRO ZERO
Capítulo 11 - A troca
Depois de alguns minutos para se recompor do violento golpe a negra volta à sua postura...
By LIVRO ZERO 2024-06-03 08:57:51 0 987