Capítulo 18 - O esporro que precede a morte
- Carpete, - ele pensava - eu adoro carpete é tão quente lembra casa de gente velha, nunca tive a chance de pisar descalço em um carpete...
A figura magra e de cabelo comprido porém preso num esfiapado rabo-de-cavalo andava pelo corredor do trigésimo terceiro andar, seus passos eram apressados sua postura era de alguém que parecia cansado, entre um passo e outro ele parava e dava uma tragada longa no cigarro enquanto apoiava a mão em uma placa de “não fume”.
- Espero que não hajam detectores de fumaça... – Ele pensava entre as tragadas.
Seu destino era simples, foi lhe dado num bar por alguém não muito comunicativo que adorava whisky, mesmo tendo como certeza uns 80kg de carne se espatifando ao seu lado isso não era o que o trouxera pra lá, ele estava ali com um propósito e não seria esse tipo de distração boba que o faria pensar duas vezes no que estava fazendo.
- PÁRA, por favor pára!!!- A jovem magra com cabelos de índia berrava enquanto um rapaz de cabelos longos aos prantos esmurrava seu rosto.
Ele estava ajoelhado sobre seu tronco, ele parecia ser bem mais pesado que ela ou ao menos ela não parecia ter força suficiente para removê-lo de lá, era como se ele pesasse toneladas, suas mãos magras empurravam suas pernas em vão, os impactos em sua cabeça, um após outro iam lhe dando a sensação de estar “desligando”, mesmo sentindo o líquido quente vertendo de sua gengiva e lábios era como se ela estivesse se entregando a um torpor, a dor quase não existia mais, o gosto do sangue na garganta impedia o ar de entrar e os impactos dos socos criavam explosões brilhantes que aos poucos estavam se apagando e levando a dor embora...
- Por que??? Por que???- Ele gritava demente enquanto sangue e dentes eram tirados de sua frágil vítima.
Ele continuava a andar tranquilamente, a fumaça no ar e aquela música estúpida do Bruce Dickinson na cabeça “A Real World”, ele a assobiava e observava o fim do corredor esperando qualquer coisa surgir de lá mas nada acontecia e isso era estranho, normalmente alguém tenta fugir, sempre há um covarde, sempre tem alguém pra deixar o resto do grupo na mão...
Ele está trancado no banheiro, o suor cobre todo o seu corpo, lógico além do sangue da sua amiga morta e semi-esmagada no chão, até pensar se torna algo difícil as palavras lhe vem à mente numa espécie de gagueira, na verdade ele não consegue pensar em nada além de: - Como pode tudo ter dado tão errado? Sua coragem o colocou numa enrascada e sua covardia o colocou num banheiro enquanto um massacre ocorre lá fora, ser covarde era sua vocação e ele era bom nisso a vida estava lhe dando prova disso em forma de pancadas na porta e frases ameaçadoras.
Andar 33 apartamento número 3, é aquele logo à frente... Porta fechada, nenhum barulho- Será que errei?- Ele pensa por um segundo que logo é interrompido pelo grande estardalhaço, um homem gordo voa para fora do apartamento estilhaçando a porta e dando de encontro à parede, seu corpo coberto por cortes feitos com o que parece ser uma faca MUITO grande jorram sangue aos litros. Hannow pára ao ver tal cena, isso realmente parece ruim, esse cara deve pesar tanto quanto um búfalo e foi jogado através de uma porta de madeira como se fosse uma bola de ping-pong...
- Ninguém te treina pra isso... – Sussurra Hannow enquanto adentra o apartamento e acende um cigarro.
A cena encontrada não é menos absurda do que a do corredor, uma jovem magra de longos cabelos pretos parece ter tido seu crânio esmagado contra o chão enquanto um rastro grotesco de sangue mostra que o pobre gorducho foi bastante judiado até finalmente ser atirado pra fora do apartamento, ao centro disso tudo se encontra um rapaz. Jovem, não mais que vinte e poucos anos, cabelo relativamente comprido, parecidos com o de Hannow porém mais claros, sua feição é de alguém mais jovem, seu corpo está coberto de sangue especialmente mãos e pés, em sua mão ele carrega uma faca não muito pesada, de cabo branco e relativamente gasta.
Hannow olha tudo ao redor, dá a ultima tragada no cigarro e o joga na poça de sangue mais próxima, e diz.
- Tudo será teu mas entrarás descalço no inferno...- Ele puxa uma pequena garrafa de vodka do bolso.
O jovem ao centro do quarto gargalha alto zombando de Hannow. Mas ele continua:
- Teu maior pecado lhe será prometido como sua maior dádiva...- Ele dá um gole longo da garrafa.
O jovem empunha a faca firme enquanto prepara uma posição de ataque, Hannow continua:
- Foi mal, garoto, nada pessoal...
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