Capítulo 12 - Metais preciosos e Árvores mortas
Hannow desce a maltratada escadaria do prostíbulo, um pouco atrás lhe acompanha o baixinho careca, esse olhando para o interior de sua carteira expressando um total desespero, Ao chegarem na porta Hannow pára para acender um cigarro, enquanto solta a baforada cinza o baixinho se põe ao seu lado, meio vacilante solta:
- Pô, Hannow, elas levaram todo o meu dinheiro, meu salário todo foi embora.
Hannow, parecia estar distante, observando as nuvens preguiçosas e acinzentadas do final da tarde, seus olhos meio inchados pela surra que procedera aquele ato de calma deixaram marcas gritantes no corpo pálido de Hannow, e o baixinho prossegue.
- Cara, por que você foi me levar pra lá? Olha só o que você me fez fazer, eu tinha responsabilidades para com esse dinheiro.
Hannow como que tirado de um transe se volta para o companheiro e expressa uma feição de ódio e desgosto, o baixinho se cala paralisado com a reação e Hannow começa, incrivelmente num tom calmo.
- Eu não te fiz fazer nada, eu não lhe obriguei a nada, até poderia, mas isso não me interessa, o que eu fiz foi lhe dar uma oportunidade de medir seus limites, se você não se sentiu satisfeito com o que conseguiu a culpa é única e exclusivamente sua, você fez o que lhe pareceu uma boa ideia e se isso te incomoda agora é porque você momentaneamente se comporta como um idiota.
O baixinho envergonhado não sabe se concorda ou se protesta, mas antes que pudesse falar algo, ambos são interrompidos pelos comentários de dois homens maltrapilhos que estavam sentados perto à porta do estabelecimento, em tom de piada eles soltam:
- Ae cabeludo, logo cedo e já dando uma visitinha nas primas, tem culhão pra pegar mulher não?
Hannow se vira calmamente para os dois homens, dá uma longa tragada no cigarro, atira a guimba aos pés deles, olha bem no olho do provocador e prossegue.
- Fui apenas visitar a sua mãe, ela já está melhor da gonorreia e mandou lhe avisar que você já pode ir trabalhar com ela, abriram vagas para travestis.
Pega outro cigarro acende enquanto espera alguma reação do maltrapilha, esse por sua vez não consegue levantar ou dizer qualquer coisa, Hannow segue em direção à rua atravessando-a calmamente, com o baixinho em seu encalço que pergunta.
- E isso, o que foi? você também deu uma oportunidade praquele cara?
- Sim, dei.- Responde Hannow - A de andar de cadeira de rodas pelo resto da vida, e posso comprovar que ele é menos idiota que você.
Hannow prossegue em direção ao seu templo, seu lar, ele precisava falar com alguém e o tempo estava escasso.
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